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Mensagem inicial

         Seria sem dúvida muito fácil iniciar essa seção escrevendo sobre o que são fungos micorrízicos arbusculares e quando o primeiro desses organismos foi descrito. Entretanto, vivemos um momento ímpar na história da micorrizologia, onde diferentes grupos de pesquisa discutem eloquetemente a taxonomia, sistemática e evolução desses distintos simbiontes. Nesse cenário fica perceptível as dúvidas e discussões pelos "não taxonomistas" sobre qual sistema de classificação deve ser utilizado e qual nomenclatura está correta. Sem dúvida é deveras complicado para um micorrizólogo ou biólogo geral compreender todas as nuancias e detalhes envolvidos nos sistemas de classificação atuais, já que envolvem tanto ferramentas morfológicas quanto moleculares. Parece muitas vezes uma disputa de egos ou uma guerra particular entre grupos de pesquisa. Isso não é um cenário de guerra, mas de confronto de ideia, as quais fortalecem conceitos e derrubam paradigmas. Os sistemas de classificações, no passado, permaneciam vingentes e imutáveis durante muitos anos, refletindo uma ideia erronea de que a organização das espécies seria estática ou imutável.

        Entretanto, a taxonomia assim como a sistemática são ciências dinâmicas e refletem na medida do possível uma organização natural dos organismos. É por isso que vemos tantas mudanças atualmente, isso é reflexo do maior número de novas descobertas, que permitem ampliar o entendimento das relações de parentesco entre as espécies. Pensar que um sistema de classificação deveria permanecer vingente por mais tempo e definir modelos de conduta para avanços da taxonomia é ignorar as novas descobertas e mitigar o desenvolvimento científico. Apesar de ser autor de um sistema de classificação e defendê-lo fervorosamente não acredito que seja um sistema imutável e muito menos o correto. O corpo do conhecimento taxonômico não é imutável e reflete apenas o estado do nosso conhecimento, que deve ser reconhecido como ínfimo para Glomeromycotina, já que se conhece cerca de 304 espécies apenas e menos da metade delas possuem dados molecular. Sem dúvida as ideias que defendemos hoje serão consideradas erradas ou até "bizarras" quando novas ideias forem apresentadas. Por isso, a intenção aqui é mostrar o conhecimento adquirido ao longo dos anos, sempre de mente aberta para a novas descobertas e as quebras de paradigmas que fazem com que essa ciência seja tão fascinante. 

Bruno Tomio Goto

30 de março de 2018

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